Bottom line, it talks about 90T making landfall and not being of much concern to the population.
REDE DE ESTAÇÕES DE CLIMATOLOGIA URBANA DE SÃO LEOPOLDO
BOLETIM ESPECIAL PARA IMPRENSA E DEFESA CIVIL
DOM 02 JAN 2005 - 04:45
ÁREA DE BAIXA PRESSÃO DISSIPA-SE NO LITORAL GAÚCHO
A Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo informa que dissipou-se um sistema de baixa pressão que se formou junto ao litoral do Rio Grande do Sul e que foi objeto de preocupação pública nas últimas horas.
A divulgação de informações na imprensa sobre alertas a respeito da possibilidade de formação de um novo furacão, assim como ocorreu com o Catarina em 26 e 27 de março de 2004, provocou preocupação e alarme na população da área costeira do Rio Grande do Sul. Entretanto, a área de baixa pressão jamais trouxe risco para a população, de forma que a Climatologia Urbana de São Leopoldo não emitiu qualquer aviso/boletim a respeito do sistema mesmo estando moitorando a área de instabilidade desde a noite de sexta-feira em parceria com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Grande do Sul.
O sistema de baixa pressão foi classificado como a depressão tropical 90.L INVEST pelo Fleet Numerical Meteorology and Oceanography Center da Marinha dos Estados Unidos na manhã de sábado, quando ele estava localizado a 29.9 graus sul e 47 graus oeste. Naquele momento a área de baixa pressão sobre o Oceano Atlântico apresentava vento máximo em seu centro de 40 km/h e mínimo de pressão atmosférica de 1.008 milibares, logo sem provocar qualquer risco para a navegação e a comunidade no continente. Por sua vez, análises de imagens de satélite e de microondas realizadas pela Climatologia Urbana de São Leopoldo não indicavam a presença de convenção e apontavam condições dinâmicas da atmosfera que impediam a intensificação do sistema, não justificando por consequência a emissão de um boletim meteorológico que apenas poderia aumentar o já desnecessário alarme criado diante de alertas divulgados na mídia.
São improcedentes as informações também divulgadas na imprensa de que o alerta sobre o sistema de baixa pressão deste final de semana na costa teria sido dado pelos mesmos órgãos de Meteorologia dos Estados Unidos que alertaram sobre o Catarina. Primeiro, porque quando do episódio do Catarina o furacão foi apenas monitorado e jamais foi objeto de alerta por instituições internacionais, que pelos acordos da Organização Meteorológica Mundial são responsáveis por advertências sobre ciclones tropicais apenas para a sua região designada. Segundo, porque no episódio Catarina houve alertas de furacão tão-somente por parte de instituições brasileiras, no caso apenas três: Climatologia Urbana de São Leopoldo (RS), CLIMERH/CIRAM (SC) e Climaterra Assessoria em Meteorologia (SC).
A formação desta área de baixa pressão que não trouxe riscos para a comunidade gaúcha e que rapidamente se dissipou neste final de semana, entretanto, deve ser motivo de preocupação quanto ao futuro do clima na região. Confirmado por análises complementares que o sistema tratou-se de fato de uma depressão tropical, a Climatologia Urbana de São Leopoldo observa que será apenas a quarta área de baixa pressão de natureza tropical já registrada pela Meteorologia, a terceira em menos de um ano, no Atlântico Sul.
A combinação de águas mais frias e o regime de ventos em altitude dificultam ciclones TROPICAIS no Atlântico Sul, ao contrário do que ocorre em regiões como o Caribe e o Pacífico. Entretanto, na história recente foram registrados uma depressão tropical na costa africana em 1991, uma tempestade tropical sobre alto mar na costa do Nordeste brasileiro em janeiro de 2004 e o episódio que mereceu atenção mundial em março de 2004 com o furacão Catarina no litoral do sul do Brasil.
Ao longo de todo o ano o Rio Grande do Sul sofre o impacto de ciclones EXTRATROPICAIS que se formam no Atlântico, o que é comum e corriqueiro no clima da região. Desde a ocorrência do Catarina, contudo, que foi classificado indevidamente como um CICLONE EXTRATROPICAL quando na realidade tratou-se de um CICLONE TROPICAL, há um sentimento de temor na população sempre que a palavra ciclone é mencionada, apesar deste tipo de fenômeno na forma EXTRATROPICAL ser extremamente comum na nossa região.
Já quando se forma um ciclone TROPICAL, extremamente raro na nossa região, ele pode comportar três fases;
Depressão tropical: Um ciclone tropical em que os ventos máximos contínuos em superfície são inferiores a 62 km/h. Não recebem nomes, mas números.
Tempestade tropical: Quando os ventos máximos contínuos de um ciclone tropical superam 62 km/h e são inferiores a 118 km/h. Em alguns locais do planeta recebem nomes e em outros números.
Furacão / Tufão: Um ciclone tropical com centro quente em que os ventos máximos contínuos são superiores a 119 km/h. O termo furacão é usado no Atlântico e no Pacífico a leste da linha da data. O termo tufão é utilizado em ciclones tropicais que estão no Pacífico ao norte do Equador e oeste da linha internacional da data.
É fundamental reiterar que CICLONES EXTRATROPICAIS são comuns no nosso clima, não podendo ser confundidos com um furacão, esse mais intenso e de natureza TROPICAL, o que somente aconteceu uma vez até hoje no Atlântico Sul.
Meteorologista Responsável: Luiz Fernando Nachtigall


